João Carlos M. Madail
Inteligência artificial e a relação com a humanidade
João Carlos M. Madail
Economista, professor, pesquisador e diretor da ACP
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A inteligência artificial (IA) é entendida como a simulação da inteligência humana em máquinas, que pode ser aplicada em uma infinidade de segmentos, para diferentes finalidades. Muitas delas já estão presentes no nosso dia a dia e talvez não se perceba.
As primeiras ferramentas inteligentes surgiram nas grandes indústrias e já são uma realidade na vida de todos nós nos smartphones e similares, na segurança das nossas residências, nos componentes dos automóveis modernos que nos auxiliam na condução ou numa infinidade de segmentos para diferentes finalidades.
Como disse Herbert Marshall McLuhan, "os homens criam as ferramentas e as ferramentas recriam os homens". Os principais acontecimentos que levaram ao surgimento da IA começaram na década de 1950, com o cientista Alan Turing, ao testar o potencial de uma máquina para imitar o pensamento e comportamento humano. A partir daí, outros pesquisadores foram motivados a buscar maneiras dos computadores agirem mais naturalmente em comparação a uma pessoa.
Com a evolução das máquinas inteligentes, surgem preocupações sobre o poder de concentração destes instrumentos nas mãos de poucas empresas e o desaparecimento de empregos, substituídos pela automação nas atividades até então simples ou complexas ocupadas por trabalhadores braçais ou qualificados. Assim como a IA tem potencial de beneficiar a humanidade fornecendo novas soluções para problemas complexos, pode representar riscos e desafios. Um determinado sistema de IA pode ser projetado para aperfeiçoar um objetivo, mas seu processo de tomada de decisão pode levar a consequências negativas não intencionais. Não se trata de considerar a IA boa ou ruim, ela dependerá de como é desenvolvida e usada. Quando uma determinada tecnologia é criada, todos os esforços para garantir que seja segura e responsável devem ser feitos, obedecendo a diretrizes éticas e estruturais regulatórias visando mitigar qualquer risco que, ao invés de beneficiar a humanidade, a prejudique.
O Brasil é o país que mais usa a IA na América Latina. No território nacional, 63% das empresas utilizam aplicações baseadas nessa tecnologia, ante uma média de 47% em toda a região. Os setores mais avançados em soluções de IA são os financeiros, o varejo e o de manufaturas. Mas ela está em ascensão em quatro segmentos importantes na economia brasileira: saúde, agricultura, indústria e recursos humanos.
Como tudo que é novo e avançado sempre traz preocupação para quem não acompanha e até contesta certos avanços rápidos que mudam rotinas, o uso contínuo de alguns instrumentos pessoais da IA pode gerar isolamento social e, consequentemente, problemas físicos e mentais. Para operar e manter o funcionamento de algumas máquinas e sistemas, são necessárias pessoas especializadas e a sua produção e manutenção demanda alto custo financeiro.
O certo é que o mundo está cada vez mais tecnológico e cabe a nós sabermos lidar com estas novidades da forma mais inteligente possível. Tem-se, no entanto, que saudar os avanços da IA à substituição da presença humana em muitas atividades perigosas, monótonas e cansativas, disponibilizando mão de obra para outras atividades que não podem ser substituídas por máquinas e que sejam desafiadoras e estimulantes. Contrariar os avanços da IA é estar no lado oposto da evolução mundial nos diversos setores econômicos e sociais.
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